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STF discute descriminalização do aborto até 12 semanas: entenda o debate, os argumentos e os impactos para a sociedade brasileira

STF discute descriminalização do aborto até 12 semanas: entenda o debate, os argumentos e os impactos para a sociedade brasileira
STF discute descriminalização do aborto até 12 semanas: entenda o debate, os argumentos e os impactos para a sociedade brasileira 2

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou em outubro de 2025 a análise da ADPF 442, ação que propõe a descriminalização do aborto voluntário até a 12ª semana de gestação. O tema, um dos mais sensíveis e polarizadores da sociedade brasileira, voltou à pauta após o voto favorável do ministro Luís Roberto Barroso, em seu último dia na Corte. O julgamento, no entanto, foi suspenso por pedido de destaque do ministro Gilmar Mendes e será retomado em plenário físico, ainda sem data definida.

O que está em julgamento?

A ADPF 442 foi protocolada pelo PSOL em 2017 e questiona os artigos 124 e 126 do Código Penal, que criminalizam o aborto voluntário. Atualmente, o aborto só é permitido no Brasil em três situações:

  • Gravidez resultante de estupro
  • Risco de vida para a gestante
  • Anencefalia do feto

A ação pede que o aborto seja descriminalizado até a 12ª semana de gestação, com base em argumentos de direitos fundamentais, saúde pública e igualdade de gênero.

Opiniões divergentes

A favor da descriminalização

  • Direitos reprodutivos: Defensores argumentam que a mulher deve ter autonomia sobre seu corpo e suas decisões reprodutivas.
  • Saúde pública: A criminalização leva mulheres a recorrerem a procedimentos inseguros, aumentando o risco de morte e complicações.
  • Desigualdade social: Mulheres pobres e negras são as mais afetadas pela criminalização, enquanto mulheres com recursos acessam clínicas privadas.
  • Precedentes internacionais: Países como Argentina, Colômbia e México já avançaram na legalização parcial ou total do aborto.

Contra a descriminalização

  • Valores religiosos e morais: Grupos religiosos e conservadores consideram o aborto uma violação do direito à vida desde a concepção.
  • Proteção do nascituro: Argumenta-se que o feto tem direito à vida e que o Estado deve protegê-lo.
  • Riscos psicológicos: Alguns especialistas apontam possíveis impactos emocionais e psicológicos para mulheres que abortam.
  • Alternativas: Defensores da manutenção da criminalização sugerem políticas de apoio à gestante, adoção e educação sexual.

Prós da descriminalização

  • Redução de mortes por abortos clandestinos
  • Fortalecimento da autonomia feminina
  • Desafogamento do sistema penal
  • Inclusão do aborto como política de saúde pública
  • Redução da desigualdade social e racial

Contras da descriminalização

  • Conflito com valores religiosos e culturais
  • Risco de banalização do aborto como método contraceptivo
  • Resistência política e social à implementação
  • Necessidade de estrutura médica e psicológica adequada
  • Polarização e radicalização do debate público

Impactos para a sociedade brasileira

A descriminalização do aborto até a 12ª semana pode representar uma mudança profunda na forma como o Brasil lida com os direitos reprodutivos. Especialistas apontam que a medida pode:

  • Reduzir a mortalidade materna
  • Ampliar o acesso à saúde para mulheres em situação de vulnerabilidade
  • Promover maior equidade de gênero
  • Gerar debates mais maduros sobre educação sexual e planejamento familiar

Por outro lado, a decisão também pode intensificar a polarização política e religiosa, exigindo do Estado uma abordagem cuidadosa, transparente e baseada em evidências.

E agora?

Com o julgamento suspenso, a expectativa é que o STF retome o debate nos próximos meses. A decisão poderá ter efeito vinculante e influenciar políticas públicas em todo o país. Enquanto isso, o tema segue mobilizando movimentos sociais, entidades médicas, lideranças religiosas e a opinião pública.

Fontes:

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